sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

MÚSICA PELA MANHÃ

JOÃO CÉSAR MONTEIRO

pref. Vitor Silva Tavares

capa do pintor João Vieira

ilust. João Rodrigues

Lisboa, Novembro de 1974

& etc (co-ed. Editora Arcádia, S.A.R.L.

1.ª edição

17,5 cm x 15,5 cm

224 págs. + 1 folha em extra-texto

capa impressa a negro no verso de cartolina de dupla face, com sobrecapa em papel kraft impresso a duas cores directas

corte fumado a negro

exemplar muito estimado; miolo irrepreensível

PEÇA DE COLECÇÃO

180,00 euros (IVA e portes incluídos)

 

Ao ler este anúncio de venda, na Loja Frenesi, deste livro do João César Monteiro, sorri.

Era um tempo em que visitava as livrarias, que existiam no Chiado: a Bertrand, a Portugal, a Lello, a Sá da Costa, uma, duas vezes por semana. Mais ou menos sabia, atempadamente, os livros que iam saindo.

Tempos felizes. Foi assim que cacei este livro do César Monteiro.

«Amanhã, sai entrevista no «Phnom-Penh Post» a dizer bem de todos os cineastas portugueses inclusive dos que não sabem ligar dois planos. Não que aqui dêem qualquer importância a isso, como é óbvio, mas apenas para que o meu eventual, e já saudoso regresso à Pátria seja festejado como eventual. Se alguém, por acaso,  souber de um empregozinho modesto e que não dê muito trabalho (melhor seria não dar nenhum), é favor avisar a redacção  deste jornal. Estou encantado com o Phnom-Penh Post». Em primeiro lugar porque me pagaram logo a entrevista e, a seguir, não tive, como no nosso país, de fazer à borla o trabalho do jornalista. De qualquer forma, vou ter de cavar rapidamente daqui, se não o conseguir, paz à minha alma.!

Prevendo o funesto desfecho, peço ao V.S.T. que mande rezar algumas missas pela boa encomendação da minha alma. Não muitas, para que não pareça ostentação: só quero a Missa de Notre Dame do Machaut, a Missa de Beata Virgine do Josquin, a Missa em Si bemol do J.S. Bach e a Missa em Dó menor K.427 (com o incarnatus est» cantado pela Stich-Randall) ou o Requiem K. 626, na gravação do Bruno Wlter, ambas do Wolfgang Amadeus.

O meu mal cheirosos espólio dever ser doado à Fundação Gulbenkian. Para o Centro Português de cinema, raspas. Nem um chavo!. O mapa do tesouro vai inteirinho para os amores. Santas criaturas!»

João César Monteiro em Os Que Vão Morrer Saúdam-te, págs.70,71

 

Nota do Editor – Claro que a minha 1ª edição deste livro do César Monteiro não valerá os tais 180 euros. Porque o exemplar, tantas e tantas e tantas vezes, lido e relid), não está muito estimado, tão pouco, tão  pouco  possui  o miolo  irrepreensível tantas e tantas e tantas são as anotações, os sublinhados a lápis.




O trecho aqui reproduzido é o Kyrie de La Nesse de Notre Dame de Guillaume de Machaut.

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