segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

VIAGENS POR ABRIL


Este não é o dia seguinte do dia que foi ontem.

                 João Bénard da Costa

Será um desfilar de histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias, figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação do dia, mês, ano em que aconteceram.

 

Fevereiro de 1974 de há 50 anos.

Estamos a ler as páginas 4 e 5 do Noticias de Portugal de 16 de Fevereiro de 1974.

O Notícias de Portugal era um semanário publicado pela Secretaria de Estado da Informação e Turismo (ex-S.N.I.), 75.000 exemplares de propaganda destinada aos portugueses espalhados pelo Mundo.

Sabe-se o soberano desprezo que a ditadura de Salazar/Caetano tinha pelo povo e os pelos trabalhadores.

No dia 6 de Fevereiro acompanhados do Dr. Silva Pinto, ministro das Corporações e Segurança Nacional, e dos Drs. Pinto Cardoso e Ivo Cruz, subsecretários da Estado do Trabalho e da Segurança Social, os delegados do Instituto Nacional de Trabalho e Previdência do continente e das ilhas adjacentes, que efectuaram em Lisboa a sua reunião geral, apresentaram cumprimentos ao sr. Presidente do Conselho que os recebeu em S. Bento.

Marcelo Caetano discursou aos delegados.

Alguns excertos desse discurso:

«Há tempos dizia-me alguém que a paralisação do trabalho dos controladores do tráfego aéreo era um sinal do progresso europeu, e que o facto de no nosso País tal ser proibido demonstrava, ao contrário, o nosso atraso.

Que enormidade!

O Estado pôs-se ao lado dos trabalhadores para evitar que eles fossem injustamente dominados pelo poder económico: mas não pode permitir que os interesses da sociedade sejam postos em causa mediante a simples afirmação da força dos trabalhadores.

Os países onde as questões de trabalho são resolvidos pela força não são amis civilizados – pelo contrário! – do que aqueles onde se procura a sua justa solução pela razão.

Este é o interesse dos trabalhadores e da Nação. Sindicatos politizados, empenhados na agitação permanente, para conseguir fins revolucionários, não os podemos admitir; deixam de ser organismos de defesa dos interesses profissionais para passarem a ser formações de combate, e como tal tais têm de ser tratados.

A situação exige de todos nós maior austeridade nos procedimentos, menos exigências nas reclamações, mais afinco no trabalho. Se as circunstâncias piorarem, tudo teremos de fazer para que os trabalhadores não seham os principais sacrificados. Mas para isso precisamos de que os trabalhadores nos ajudem, não reagindo apaixonada e descontroladamente às dificuldades que surjam – porque hão-de surgir.»

No decorrer destes 50 anos quantas vezes ouvimos os políticos, os governantes  das direitas deste país terem para com os trabalhadores os mesmos avisos e amaeaças que Marcelo descreveu neste discurso de Fevereiro de há 50 anos?

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