A História da Literatura Portuguesa de
António José Seguro e Óscar Lopes tem sido a base de estudo e trabalho de quem andou, e
anda, a interessar-se pela Literatura Portuguesa.
A obra começou a ser publicada em 1953 e,
segundo informação colhida num JL, já vai em 17 edições. A História daLiteratura Portuguesa que existe na Biblioteca da Casa é a 3ª edição e, como
habitual em algumas obras e editoras, não tem a data da edição. Uma lacuna, mas
enfim…
Do prefácio da 1ª edição:
«Como os autores tinham em vista que este livro fosse um instrumento de
trabalho e estimulasse a iniciativa dos estudantes e estudiosos, procuraram
completar cada capítulo com uma indicação bibliográfica das principais fontes e
textos e dos estdos interpretativos de maior interesse».
Ao longo das sucessivas edições foram
introduzidas as necessárias correcções. A partir de uma certa altura, os
autores começaram a introduzir novos colaboradores que, aos poucos, foram conduzindo
o trabalho e o hão-de continuar.
Não foram muito fáceis as relações de
trabalho entre António José Saraiva e Óscar Lopes. Existe, aliás, um livro, Correspondência
entre António José Saraiva e Óscar Lopes, onde surgem interessantes trocas
de ideias e métodos de trabalho. Principalmente quando o assunto é Agustina Bessa-Luís por quem Saraiva tinha uma veneração quase louca e que esbarrava em Óscar Lopes que estava um tanto ou quanto longe de tanto endeusdamento.
Num texto de homenagem a Óscar Lopes, Manuel
António Pina, escreve:
«Na minha primeira
aula de Literatura no Porto dei com um professor severo e distante que, de uma
penada, varreu toda a confiança que eu trazia do Liceu de Aveiro: “Não
recomendo manual nenhum. Disse ele indiferentemente; mas se recomendasse,
recomendaria a História da Literatura de Óscar Lopes”. Foi a primeira vez que
ouvi o nome de Óscar Lopes. Mais tarde, no Café Diu, os colegas
explicar-me-iam, com ar vagamente conspirativo, o mistério da singular
recomendação-não-recomendação de António Salgado Junior: História da Literatura
de Óscar Lopes era um livro “proibido”; o próprio Óscar Lopes, professor também
do Manuel II, estaria “proibido” de dar aulas de Literatura…»
Manuel António Pina, ao tempo, quis comprar o livro, mas
os trocos eram escassos e teve que esperar por um Natal para encontrar um “livro de
estudo” no sapatinho:
«Guardo-a ainda. Essa velha edição da História da Literatura Portuguesa, porque, de alguma forma, ela me abriu a inteligência e o coração para um mundo então absolutamente novo: o secreto e fascinante mundo das relações da literatura com o pensamento e a vida».
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