Este não é o dia seguinte do
dia que foi ontem.
João Bénard da Costa
Será um desfilar de histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias, figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação do dia, mês, ano em que aconteceram
Não sei se terei tempo para viajar por Abril com todos aqueles que escreveram, cantaram, representaram,
fotografaram, sei lá que mais.
Vamos caminhando.
Pertence a Sérgio Godinho a mais feliz definição de José Afonso:
Abriu janelas onde nem paredes havia.
José Afonso disse:
«Já fui andarilho e cantor,
Bendito seja o pão, Bendita seja a dor, Bendita as portas do amor!»
Autodefinindo-se numa entrevista a José Amaro Dionísiso, Expresso, 15 de Junho de 1985.
«… talvez no fundo eu seja um homem mal resolvid».
Na revista K de Agosto de 1992:
«Quando há alguém maior do que o tempo, só podemos ficar gratos. Quando é português, só podemos ficar orgulhosos. As canções de José Afonso são tão bonitas e importantes que não se consegue imaginar a sua ausência. Vivem de um tempo para a eternidade, como tudo o que é genial e belo. Toda a obra de José Afonso está agora reeditada em CD. Não deve ser preciso dizer mais nada.»
Mais palavras do José Afonso:
«Sem muros nem ameias, gente igual por dentro e por fora».
«O medo foi sempre um sentimento que conviveu comigo. O medo a que se sobrepunha uma sensação de angústia, género «como é que me vou comportar em tal ou tal situação?»
José Afonso das suas muitas e bonitas canções:
«Amigo maior que o pensamento.»
«Um dia hás-de aprender haja o que houver».
João de Freitas Branco:
«Se os encartados arrumadores de música persistirem, mesmo assim, em recusar à obra de José Afonso um lugar na categoria da música «clássica» que se apressem a rever a sua definição desta, antes que, por completo, os deixemos de tomar a sério.»
Entrevista a O Diário , Janeiro de 1983:
«Sou fruto de muita gente,
de muitos lugares e dissabores.»
Entrevista Alexandre Manuel ao Diário de Notícias de 28de Abril de 1984
«Nunca tive prazer em fazer música.»
José Afonso ao Cinéfilo, de Novembro de 1973, Cinéfilo de
muito boa memória,concedeu uma entrevista conduzida pelo António Pedro de Vasconcelos, Eduardo
Guerra Carneiro, James Anhanguera, com uma bela capa de Luís Filipe
Conceição, que podem ver aí em cima, «julgamos que se trata de uma
entrevista bastante importante para se compreender (e julgar) a obra e a
carreira deste homem que se recusa (lucidamente) a transformar-se num mito, ou
num intocável.»
«Eh pá, eu não tenho
nenhum conhecimento científico. Eu sou um total ignorante».
«Eu fiz uma canção (Grândola» que, vendo bem já não me pertence. Agora é mesmo cantada em meios populares. Mas um cantantea com as minhas características tem de fazer canções laboradsa a partir de elçemnetos cukturais que sejam da sua própria experiênca, confinado aos limites da classe a que pertence».
Nas despedidas, no dizer sempre de um vemo-nos quando nos virmos:
… e afinal, eu só queria
dizer que fazes uma falta do caraças!
Olhei as capas dos LPs do José Afonso, os lados A e B, na vã tentativa
de encontrar uma canção para esta manhã, para esta Viagem com o José Afonso.
O olhar deu em nada.
Fica uma canção lindíssima, tão simples, tão comovente: poema de José Carlos Ary dos Santos, música de José Afonso que faz parte do álbum «Contos Velhos, Novos Rumos»:
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