Teremos que assentar num ponto: Portugal de
Abril fez a descolonização possível. Porque nos foi imposta pelos movimentos de
libertação. Com erros, é certo, mas com a consciência de que não pretendíamos,
de maneira nenhuma, ser neo-colonialistas. Se assim não fosse a luta dos povos
das colónias teria continuado até limites impossíveis de prever.
«Um grupo de cristãos e não cristãos protestam veementemente contra o silêncio dos bispos portugueses e denunciam este silêncio como claro apoio e cumplicidade na política de exploração colonial praticada pelo Governo fascista português».
Cartaz afixado na capela do Rato em 30 de
Dezembro de 1972.
O tempo em que Sophia escreveu o poema: «Vemos, Ouvimos e lemos, não podemos ignorar».
«Uma Noite naGuerra, segundo o seu autor é uma brevíssima crónica dum momento na agonia do Império, com notícias duma remota cidade do mato moçambicano, incluindo alguns tropas a conspirar e a fundamental presença dum contador de histórias verdadeiras.»
Não ainda em quantidade suficiente, temos um conjunto de poetas e prosadores que nos fazem o possível retrato de uma tragédia que marcou toda uma geração e que ainda revela actuais momentos de revolta e desespero. Diga-se, também: RAIVA!
Dedicatória de Carlos Coutinho neste seu
livro:
«Para a Antonieta, minha companheira, que
nunca permitiu a destruição deste e doutros escritos, mesmo quando as hipóteses
da sua publicação eram nulas, mesmo quando uma incursão da PIDE em nossa casa
era provável – como, de resto, acabou por acontecer».
Final de Uma Noite na Guerra:
«Vejo agora que o rancor já se diluiu, mas a inquietação não. É por isso que as horas passam e o sono tarda. É por isso ainda que revolvo nesta madrugada os cadernos que trouxe de Moçambique cheios de apontamentos. É por isso também que alguns deles irão provavelmente ser livros».
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