quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

O OUTRO LADO DAS CAPAS


Teremos que assentar num ponto: Portugal de Abril fez a descolonização possível. Porque nos foi imposta pelos movimentos de libertação. Com erros, é certo, mas com a consciência de que não pretendíamos, de maneira nenhuma, ser neo-colonialistas. Se assim não fosse a luta dos povos das colónias teria continuado até limites impossíveis de prever.

«Um grupo de cristãos e não cristãos protestam veementemente contra o silêncio dos bispos portugueses e denunciam este silêncio como claro apoio e cumplicidade na política de exploração colonial praticada pelo Governo fascista português».

Cartaz afixado na capela do Rato em 30 de Dezembro de 1972.

 O tempo em que Sophia escreveu o poema: «Vemos, Ouvimos e lemos, não podemos ignorar».

«Uma Noite naGuerra, segundo o seu autor é uma brevíssima crónica dum momento na agonia do Império, com notícias duma remota cidade do mato moçambicano, incluindo alguns tropas a conspirar e a fundamental presença dum contador de histórias verdadeiras.»

Não ainda em quantidade suficiente, temos um conjunto de poetas e prosadores que nos fazem o possível retrato de uma tragédia que marcou toda uma geração e que ainda revela actuais momentos de revolta e desespero. Diga-se, também: RAIVA!

Dedicatória de Carlos Coutinho neste seu livro:

«Para a Antonieta, minha companheira, que nunca permitiu a destruição deste e doutros escritos, mesmo quando as hipóteses da sua publicação eram nulas, mesmo quando uma incursão da PIDE em nossa casa era provável – como, de resto, acabou por acontecer».

Final de Uma Noite na Guerra:

«Vejo agora que o rancor já se diluiu, mas a inquietação não. É por isso que as horas passam e o sono tarda. É por isso ainda que revolvo nesta madrugada  os cadernos que trouxe de Moçambique cheios  de apontamentos. É por isso também que alguns deles irão provavelmente ser livros».

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