Este não é o dia seguinte do dia que
foi ontem.
João Bénard da Costa
Será um desfilar de
histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias,
figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação
do dia, mês, ano em que aconteceram.
O mais certo é nunca
virmos a conhecer o número exacto e a identidade de todas as mulheres presas
por motivos políticos durante os 48 anos da ditadura fascista.
É possível dizer que
estiveram presas pela PIDE 1755 mulheres.
Neste importante
livro, Elas Estiveram Nas Prisões do Fascismo, editado pela URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses e é
dedicado «A todas as mulheres portuguesas
que, em tempos de medo, silêncio e opressão, contribuíram com apalavras e actos
de resistência para construir o nosso caminho solidário para a liberdade e a
democracia.»
O livro contém diversos poemas. Escolhemos o poema Pátria de Sophia de Mello Breyner Andresen que pertence ao Livro Sexto editado em 1962:
Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Dum longo relatório irrecusável
E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas
— Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo
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