Este não é o dia seguinte do dia que foi
ontem.
João Bénard da Costa
Será um desfilar de histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias, figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação do dia, mês, ano em que aconteceram.
A Pátria não se discute: defende-se ,diziam os inqualificáveis, por tudo e mais alguma coisa, deputados da assembleia nacional e todos os defensores da ratazana de Santa Comba.
Uma guerra colonial sem sentido, cruel, inútil.
- 820 mil jovens terão sido mobilizados para Angola, Guiné e Moçambique.
- 14 mil mortos.
- 40 mil estropiados e deficientes.
- 140 mil antigos combatentes sofrem de “stress” de guerra.
Sabemos destes números.
Estarão estes números correctos?
No seu livro Memórias das Guerras Coloniais, João Paulo Guerra escreveu: não há estatísticas
para a solidão, a ansiedade, o medo, o sofrimento, a dor.
As dolorosas despedidas dos barcos na Rocha de Conde d’Óbidos.
«Ponho-me a pensar. Ou por outra, não penso peva: vou; e é chato.
Ir assim de charola é a cabronada mais miserável que se pode fazer»
Fernando Assis Pacheco em Walt
Há feridas que custam a cicatrizar, mas não podemos admitir o silêncio.
«Adeus até ao meu regresso!»
Se se lembram, não nos obriguem a esquecer.
A imagem no topo mostra um anúncio que o ultra-salazarista Francisco Casal-Ribeiro fez publicar no dia 5 de Agosto de 1967 no Jornal do Oeste:
«Tenho três filhos, qualquer deles a atingir o momento de servir a
Pátria.
Um deles é alferes piloto aviador, em vésperas de partir para África. São os meus três filhos o meu único tesouro, e se é certo que sentirei, como qualquer outro pai, a sua ausência, orgulhar-me-ei de os ver no cumprimento da missão que lhes couber. Para eles, apenas pedirei a Deus que os proteja, os traga em boa hora e com a consciência do dever cumprido».
Este mesmo deputado, um verdadeiro escroque, ou ainda muito pior, da clique salazarista/caetanista, na assembleia nacional perguntava a Mota Amaral, integrante da ala liberal, que teria dito que Portugal estava numa guerra que pode perder e que a questão era política:
«Eu bem sei que V. Exa. é
muito novo. Ó Sr. Deputado, desculpe, que idade tem?
O Orador [Mota Amaral]: – Tenho trinta anos.
O Sr. Casal-Ribeiro: – O Sr. Deputado fez serviço militar?
O Orador: – Cumpri todas as minhas obrigações militares, Sr. Deputado.
O Sr. Casal-Ribeiro: – E o Sr. Deputado foi à África?
O Orador: – Não estive na África.
O Sr. Casal-Ribeiro: – Ai que pena! Ai que pena!»
Repito: Ai que pena! Ai que pena!»
Dramaticamente miserável!
Por hoje, nada mais se adianta.
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