segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

O DIA SEGUINTE

Poderemos pensar que os resultados eleitorais, de ontem nos Açores, podem ter semelhanças com as eleições legislativas que ocorrerão em Março?

Talvez sim, talvez não, mas é salutar rejeitar a ideia.

Mas, há que dizê-lo: são decepcionantes os resultados que aconteceram.

Gente açoriana que vê, ouve e lê, antes das eleições, publicaram um manifesto em que pretendiam fazer ver aos partidos, a situação que se vive nos Açores.

Nessa gente estavam incluídos os escritores Joel Neto e João de Melo:

«Temos pessoas votantes em diferentes partidos, pessoas de esquerda e de direita, não há intenção de favorecer nenhuma das candidaturas nem tão pouco prejudicar, estamos a interferir no sentido de obrigar a campanha eleitoral a albergar a discussão deste tema”, explica Joel Neto.
“São mais de 40 índices de subdesenvolvimento humano que os Açores lideram regularmente”, sublinhando que “somos a região mais pobre do país, o dobro da média nacional, somos a região com a maior desigualdade na distribuição de rendimentos, com mais exclusão social, com mais assistencialismo, com mais dependência do rendimento social de inserção, com mais subsidiodependência no geral. No domínio da educação somos a região com mais analfabetismo, com mais iliteracia, maior défice de formação escolar básica, maior abandono escolar, maior abandono escolar precoce.”
O documento aponta ainda a mortalidade e a obesidade infantis, o consumo de drogas sintéticas, a taxa de incidência cancerígena, a violência doméstica, o abuso sexual ou o ritmo de crescimento da criminalidade violenta como problemas a resolver.
“Mete-me impressão como é que nove ilhas despovoadas, com 255 mil pessoas e com 700 mil fora, ainda se debate com tantos problemas e tanta solidão e esquecimento”, afirma, por outro lado, João de Melo, escritor açoriano que durante nove anos foi conselheiro da embaixada de Portugal em Madrid.
Diz que não podia não fazer nada pelo avanço da Região. “A pobreza açoriana é mais pobre que a pobreza continental. Os Açores precisam de ter outras políticas independentemente dos partidos que o governam, acima de tudo estão as pessoas e aquelas pessoas de condição mais humilde”.»


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