Existem 100 maneiras de fazer bacalhau e estou muito longe de as ter comido, tão pouco de as conhecer.
Guardo da infância-quase-adolescência a imagem do estuário do Tejo, frente à Praça do Império, pejado de lugres bacalhoeiros, embandeirados em arco, aguardando a partida para a Terra Nova e Gronelândia.
Porque foi de Belém que partiram as armadas em demanda de novas terras e o regime pretendia que a faina bacalhoeira fosse a epopeia desses dias.
Acontecia por princípios de Abril e coincidia quase sempre com o tempo de Páscoa.
As muralhas pejavam-se de gente, na sua maioria famílias dos pescadores.
Os pescadores nos seus dóris vinham dos barcos até à margem para assistirem, aos actos religiosos que se realizavam no Mosteiro dos Jerónimos.
Após a cerimónia, dois pescadores deslocavam-se a São Bento, onde Salazar os recebia Conselho, e em nome de todos os outros trabalhadores, apresentavam cumprimentos de despedida.
Brindava-se com Vinho do Porto, comiam-se amêndoas.
Neste livro sobre bacalhau, uma biografia do peixe que mudou o mundo, há uma receita de caldeirada apresentada
por Daniel Webster:
Também uma frase de Alain Senderens, um chefe parisiense:
«É tão belo, o bacalhau, a forma como a sua
carne se abre em lascas brancas!»
E, para terminar, um provérbio cubano:
«Conheço-te, bacalhau, mesmo que venhas disfarçado».
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