segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

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Indo ao Outro Lado das Estantes deu para encontrar as Selectas Literárias em que estudei  nos meus anos de liceu.

Folheando fui parar a um poeta, Gonçalves Crespo, de que a Biblioteca da Casa não tem qualquer livro.

O  poema A Sesta, tem, anotado a lápis, a palavra «musicalidade». Terá sido uma observação do professor que eu terei apanhado e colocado ao lado do poema que hoje se publica no https://caisdoolhar.blogspot.com/2024/02/a-sesta.html

Os elementos biográficos do autor, publicados na Selecta, e que acima de reproduz, falam também da sensibilidade quase feminina e o langor tropical de Gonçalves Crespo.

Pego na História da Literatura Portuguesa de António José Saraiva e Óscar Lopes, e reproduzo:

«Quase todos os principais poetas portugueses de 1870 a 1890 aderem à mística progressiva e humanitária e lançam o seu protesto contra as mais flagrantes injustiças sociais, as prepotências das autocracias europeias, ou contra os acontecimentos, atitudes políticas, os casos do dia mesmo, em que se denunciavam certas hipocrisias e deficiências do regime monárquico constitucional. Como veremos, até num parnasiano como Gonçalves Crespo e num lírico realista como Cesário Verde se encontram expressões de protesto ou aspirações humanistas que, por enraizarem nesta ou naquela fibra mais íntima da sua respectiva personalidade, mantêm hoje profunda comunicalidade»

António Cândido Gonçalves Crespo (1864-83) foi, cronologicamente, o primeiro e também o mais destacado parnasiano português. Nascido no Rio, de mãe negra, formou-se em Direito,  e a sua delicadeza insinuante, o seu talento de poeta e recitador de um estilo mais discreto granjearam-lhe um círculi de admiradores, entre os quais a escritora Maria Amália Vaz de Carvalho, com quem casou e que, por seu turno, o pôs em contacto, no seu salão, com a roda dos consagrados, e lhe possibilitou uma carreira de deputado».

Não foi em vão o olhar sobre as Selectas onde estudei.

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