Indo ao Outro Lado das Estantes deu para
encontrar as Selectas Literárias em que estudei
nos meus anos de liceu.
Folheando fui parar a um poeta, Gonçalves
Crespo, de que a Biblioteca da Casa não tem qualquer livro.
O poema A Sesta, tem, anotado a lápis, a
palavra «musicalidade». Terá sido uma observação do professor que eu terei
apanhado e colocado ao lado do poema que hoje se publica no https://caisdoolhar.blogspot.com/2024/02/a-sesta.html
Os elementos biográficos do autor,
publicados na Selecta, e que acima de reproduz, falam também da sensibilidade
quase feminina e o langor tropical de Gonçalves Crespo.
Pego na História da Literatura Portuguesa
de António José Saraiva e Óscar Lopes, e reproduzo:
«Quase todos os
principais poetas portugueses de 1870 a 1890 aderem à mística progressiva e
humanitária e lançam o seu protesto contra as mais flagrantes injustiças
sociais, as prepotências das autocracias europeias, ou contra os
acontecimentos, atitudes políticas, os casos do dia mesmo, em que se denunciavam
certas hipocrisias e deficiências do regime monárquico constitucional. Como
veremos, até num parnasiano como Gonçalves Crespo e num lírico realista como
Cesário Verde se encontram expressões de protesto ou aspirações humanistas que,
por enraizarem nesta ou naquela fibra mais íntima da sua respectiva
personalidade, mantêm hoje profunda comunicalidade»
António Cândido Gonçalves Crespo (1864-83) foi, cronologicamente, o primeiro e também o mais destacado parnasiano português. Nascido no Rio, de mãe negra, formou-se em Direito, e a sua delicadeza insinuante, o seu talento de poeta e recitador de um estilo mais discreto granjearam-lhe um círculi de admiradores, entre os quais a escritora Maria Amália Vaz de Carvalho, com quem casou e que, por seu turno, o pôs em contacto, no seu salão, com a roda dos consagrados, e lhe possibilitou uma carreira de deputado».
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