Soldadó
Carlos Vale Ferraz
Prefácio: António Tavares-Teles
Capa: José Maria Ribeirinho
Colecção: A Guerra Colonial em Livros nº 3
Editorial Notícias, Lisboa, Novembro de 1997
Esta é a história
de Fergusino do Ó, um dos milhares de pobres diabos convocados para defender as
longínquas fronteiras do Império.
Fergusino do Ó não
sabia ler nem escrever e, como alguém disse, não pertencia ao conjunto da humanidade
responsável pelas descobertas, mas, levado por mão invisível, que sempre
acreditou ser a dos omnipresentes sargentos, chegou a Mueleka, - a terra da guerra - após uma viagem de mais
de dois meses.
Era básico, isto é
não possuía as mínimas habilitações para especialista do que quer que fosse. No
entanto serviu com a melhor boa vontade como pau para toda a obra. Foi
cangalheiro, sacristão, fiel de armazém, projecionista de filmes porno
gráficos, estivador e até piloto e guarda-costas de cíclicas excusoes de
prostitutas, vindas para animar os infortunados guerreiros.
Na tropa
chamavam-lhe Soldadó e, para ele, Mueleka – a irreparável guarnição – foi o
melhor sítio que jamais conheceu.
3 comentários:
Depois de ler este excelente texto não posso deixar de salientar: Carlos Vale Ferraz parece-me um homem com uma grande sensibilidade. Ainda não li nenhum livro dele - tenho der!
...tenho de ler
É um livro muito interessante com uma leitura entusiasmante.
Mas para conhecer o Carlos Vale Ferraz, e a problemática da guerra colonial, é importante ler o «Nó Cego» que foi editado pela Bertrand em 1982.
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