terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

OLHAR AS CAPAS


Soldadó

Carlos Vale Ferraz

Prefácio: António Tavares-Teles

Capa: José Maria Ribeirinho

Colecção: A Guerra Colonial em Livros nº 3

Editorial Notícias, Lisboa, Novembro de 1997

Esta é a história de Fergusino do Ó, um dos milhares de pobres diabos convocados para defender as longínquas fronteiras do Império.

Fergusino do Ó não sabia ler nem escrever e, como alguém disse, não pertencia ao conjunto da humanidade responsável pelas descobertas, mas, levado por mão invisível, que sempre acreditou ser a dos omnipresentes sargentos, chegou a Mueleka,  - a terra da guerra - após uma viagem de mais de dois meses.

Era básico, isto é não possuía as mínimas habilitações para especialista do que quer que fosse. No entanto serviu com a melhor boa vontade como pau para toda a obra. Foi cangalheiro, sacristão, fiel de armazém, projecionista de filmes porno gráficos, estivador e até piloto e guarda-costas de cíclicas excusoes de prostitutas, vindas para animar os infortunados guerreiros.

Na tropa chamavam-lhe Soldadó e, para ele, Mueleka – a irreparável guarnição – foi o melhor sítio que jamais conheceu.

3 comentários:

Seve disse...

Depois de ler este excelente texto não posso deixar de salientar: Carlos Vale Ferraz parece-me um homem com uma grande sensibilidade. Ainda não li nenhum livro dele - tenho der!

Seve disse...

...tenho de ler

Sammy, o paquete disse...

É um livro muito interessante com uma leitura entusiasmante.
Mas para conhecer o Carlos Vale Ferraz, e a problemática da guerra colonial, é importante ler o «Nó Cego» que foi editado pela Bertrand em 1982.