Noite de Cães
Álvaro Guerra
Círculo de Leitores,
Lisboa, Outubro de 1971
Reconciliação com o absurdo? talvez, talvez seja este conforto de estar
viva entre objectos de acaso, tão desenraizada quanto possível, os pinceis, as
tintas, a espátula, as telas brancas, a autonomia das cores, o resto – móveis
reunidos sem critério – eu tecendo planos de espera e desafio, agora que a
morte de Miguel me completa o remorso que tentarei combater para ganhar-me;
para trás ficaram os meus sonhos de menina, alguns vividos, mesmo os sonhos de
amor, sobretudo os sonhos de amor… Diante de mim, o imenso espaço branco de
outros sonhos para viver.
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