Gosto de pessoas que acreditam.
Importa aquilo em que se acredita, é certo, mas há coisas
simples em que se acredita e que não atrapalham ninguém.
Naquela noite de 8 de Março de 1990, no Estádio da Luz, Vata
meteu o golo com a mão ao Marselha e que levou o Benfica à final da Taça do
Campeões Europeus.
A bola entrou na baliza norte onde eu, entalado na
multidão, apenas a vi no fundo da rede. Valdo marcou o pontapé de canto e Vata
foi lá com a mão.
Numa entrevista à Antena 1, Março de 2010, insistiu que
não foi com a mão mas com o ombro.
Vata, há três ou quatro dias, repete a ideia:
«Vou dizer o mesmo
até morrer: marquei com o ombro».
Gosto de pessoas que acreditam, repito.
Quando ontem falava dos receios com a abertura – pequena
que seja – anunciada por António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, adiantei
preocupações minhas, que mantenho, tentando ser o mais razoável possível.
Devíamos impor a cada um de nós que este ano, que vai no
seu quarto mês, não pode ser um ano normal.
De tempo e de vida.
Assim teremos que reconhecer, de uma vez por todas, que:
Não há campeão de futebol, não há subidas nem descidas de
divisão.
Não houve Páscoa, esperemos, apenas, que haja Natal.
Não há 25 de Abril.
Não há 1º de Maio.
Não há 13 de Maio na Cova da Iria.
Não há Rock in Rio.
Não há santos populares.
Tanta coisa, tanta coisa, tanta coisa.
Depois da reclusão caseira que nos impuseram – e com
grandes sacrifícios, compridamente, a tenho cumprido – não podemos estragar
tudo por um qualquer motivo.
Se não podemos ir ao funeral de um amigo, de um familiar,
podemos ir para a rua comer bifanas e sardinhas assadas?
Podemos errar mas, a todo o custo, temos que evitar ser
imbecis e irresponsáveis.
Aqui chegado, volto
a Rachmaninoff.
Descobri o compositor, teria para aí uns 17 ou 18 anos,
quando nesse espantoso O Pecado Mora ao
Lado, filme de Billy Wilder, o vizinho tenta seduzir Marilyn Monroe pelas
mais diversas maneiras, uma delas é com o Concerto Para Piano Nº 2 em Dó Menor
de Rachmaninoff.
Nenhum dos dias de Covid-19 corre bem, mas há uns piores
que outros.
O de hoje tem sido amargo, pelo que ficamos com um excerto
de Rhapsody on a theme of Paganini.
É um excerto, mas ouçam-no todo, se não o tiverem em casa, recorram ao You Tube.
É um excerto, mas ouçam-no todo, se não o tiverem em casa, recorram ao You Tube.
Billy Wilder pensava que Rachmannoff podia resolver um qualquer
pormenor que não estivesse a correr bem.
Penso o mesmo.
Penso o mesmo.
1.
As Nações Unidas alertam para o facto que as crianças
podem ser as grandes vítimas da pandemia de covid-19, sobretudo pela pobreza
que pode afectar 62 milhões de crianças, apesar de o grupo etário não estar a
ser atingido directamente pela doença.
«Todas as crianças, de todas as idades e em todos os países estão a ser atingidas pelos efeitos sócio económicos da pandemia sendo que os efeitos da crise podem vir a ter impactos de longa duração sobretudo nos países mais pobres onde existe mais vulnerabilidade»
«Todas as crianças, de todas as idades e em todos os países estão a ser atingidas pelos efeitos sócio económicos da pandemia sendo que os efeitos da crise podem vir a ter impactos de longa duração sobretudo nos países mais pobres onde existe mais vulnerabilidade»
Os três aspectos principais da crise sobre as crianças dizem respeito à infecção pelo coronavírus, os impactos sócio-económicos relacionados com as medidas contra a propagação da doença e os efeitos que atingem, a longo prazo, a implementação dos objectivos para o desenvolvimento sustentável.
Entre 42 a 62 milhões de crianças correm o risco de pobreza extrema por causa da presente crise sanitária sendo que 386 milhões de crianças já se encontravam em situação de pobreza extrema em 2019.
2.
Os negros números:
Portugal regista 687 mortos.
A Itália regista 23.227 mortos, a Espanha 20.043 mortos,
a França 19.323 mortos, a Grã-Bretanha 15.464.
Os Estados Unidos continuam a ser o país do mundo com
maior número de mortes: 33.049.
No estado de Nova Iorque registam 13.202 mortes.
Em todo o mundo já morreram 158.691 pessoas.
3.
João Lopes no seu Covid-20
«Que está em jogo?
O regresso ao trabalho? Ou a reconversão das formas de trabalhar? Para além da
questão fulcral da saúde, um dos factores mais perturbantes desta crise decorre
do facto de, com ela e através dela, pressentirmos a possibilidade de uma
verdadeira revolução social — entenda-se: laboral — sobre a qual não sabemos construir uma qualquer
perspectiva política. Porquê? Porque esta é uma revolução liderada pela própria
violência da doença, sem vanguardas nem líderes carismáticos.
Vemo-nos,
assim, desapossados do próprio conceito de revolução que aprendemos na
história. Por vias do Bem ou do Mal (quase sempre do Bem e do Mal), a revolução
expressava-se — e, de alguma maneira, acontecia — através da miragem mais ou menos realista de um destino. Agora, o destino, seja ele qual for,
escapa-se-nos na areia do tempo.»
1 comentário:
Ó Sammy não acredito que o meu amigo goste da mentira e de mentirosos (vidé Cerejeira e D.António que o substituiu); ou haverá mentiras que o não são se forem ditas por determinadas gentes?
A mão de Vata é mais uma das grandes vigarices do nosso futebol!
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