As comemorações do
25 de Abril nunca tiveram manual de instruções.
Comemora quem quer, como quer.
Este ano, dado o terrível vírus, a situação modificou-se
por completo.
A sessão solene prevista para a Assembleia da República,
está a ocasionar um crescendo de tomadas de posição, a favor e contra, a
desencadear uma polémica em que, ilustres e não ilustres, trocam acusações tão
descabeladas, como inúteis, tudo a roçar o ridículo.
Não havia necessidade.
É assim tão complicado assumir que, pelos motivos
imprevistos que se conhecem, não existir a sessão comemorativa do 25 de Abril
na Assembleia?
Por isso, 25 de Abril deixa de ser um marco histórico da
história portuguesa?
É uma pena o bom senso não estar à venda em qualquer
farmácia ou drogaria.
Continuo muito chateado, as palavras teimam em sair e não
ajudam o desenho daquilo que pretendo dizer.
Faltam-me uma série de rotinas, idas e vindas pelas ruas, que ajudam
à sobrevivência.
Desde 23 de Fevereiro que não vou a uma livraria.
Poderia mandar vir os livros pelo correio, a Bertrand
colocou um anúncio em que diz que os portes são grátis, mas não me servia de
nada.
Tenho que olhar os escaparates, as capas, tenho que
folhear.
Estou mesmo muito chateado.
Está a chover, não como eu gosto que chova, mas chove.
Pela chuva que cai, o quarto minguante que nos assiste,
não se vislumbra, e recorro a Anton Dvorak, à sua ópera «Rusalka» e ouvir «Silver
Moon».
Alguma coisa que ajude.
1.
Os chineses acusam os Estados Unidos de divulgar teorias
da conspiração sobre a origem da covid-19. O Ministério dos Negócios
Estrangeiros de Pequim garante que o vírus não teve origem num laboratório de
Wuhan. O chefe da diplomacia norte-americana revelou que estava a ser feita uma
investigação aos chineses.
2.
O banco central alemão acredita que a pandemia de
Covid-19 e as medidas para a conter precipitaram a economia daquele país numa
"recessão severa" e descarta uma possível recuperação rápida, de
acordo com um boletim mensal.
O Bundesbank diz que a pandemia paralisou alguns setores
de serviços de consumo, bem como a atividade económica em geral, desde meados
de março.
3.
Pelo menos 138 dos hóspedes que foram retirados,
este domingo, de um hostel no centro de Lisboa, que acolhia, em 40 quartos,
perto de duas centenas de refugiados, acusaram positivo para coronavírus nos
testes, que foram realizados após o edifício ter sido evacuados na sequência de
ter sido detectado uma caso confirmado da doença.
A presidente da Junta de Arroios exige que a Câmara
Municipal, o governo mandem fiscalizar os hostels.
4.
Pela primeira vez na História, o preço do barril do
petróleo atingiu valores negativos na negociação em Nova Iorque. A pandemia fez
colapsar a procura de crude e os produtores não têm onde armazenar.
Segundo a agência Reuters, o preço do barril do barril
caiu abaixo dos zero dólares em Nova Iorque — o West Texas Intermediate, que
serve de referência para os preços do petróleo nos Estados Unidos, está em
valores negativos para as entrega que serão feitas em maio. Ou seja: os
produtores estão a pagar aos compradores para se verem livre do petróleo que
não vão conseguir escoar.
5.
Os negros números:
Portugal regista 735 óbitos.
Os Estados Unidos registam 40.905 mortos, no estado de
Nova Iorque ocorreram 14.604 mortes.
Itália: 24.114 mortos
Espanha: 20.852 mortos
França: 20.265 mortos
Grã-Bretanha: 16.509 mortos
Em todo o mundo já morreram 169.502 pessoas.
6.
Recuamos ao dia 20 de Abril de 1974.
Por outros motivos, o país vivia tempos difíceis.
Com oito milhões de habitantes, em cada mil crianças
nascidas 56 morriam antes de completarem um ano de idade e em cada mil
habitantes 15 morriam de tuberculose pulmonar. Apenas 40 por cento da população
tinha água em casa e 75 por cento não dispunha de esgotos. Em cada 100
portugueses 37 eram analfabetos e em cada 100 alunos que frequentavam o ensino
primário 30 não o completavam e apenas 2 por cento vinham a obter uma graduação
universitária.
E havia uma guerra em África. Milhares e milhares de mortos, feridos, estropiados.
Nas paredes da cidade começam a aparecer inscrições: «O
Primeiro de Maio é vermelho!»
A Direcção-Geral de Segurança mandava divulgar, através da Secretaria de Estado de Informação e Turismo”, a seguinte nota:
«Desde o início do corrente mês, mas com maior intensidade nos últimos dias, tem-se verificado por parte de várias organizações comunistas, uma grande actividade na difusão de panfletos e outras actuações de propaganda através das quais se incita a acções revolucionárias no 1º de Maio.
Ataca-se, ao mesmo
tempo, o esforço da Nação em defesa dos territórios portugueses do Ultramar e
faz-se a defesa das organizações terroristas que nos atacam e dos métodos que
empregam, com os quais animosamente se solidarizam.
Com base nas
averiguações feitas, foram detidos em Lisboa 15 indivíduos e 15 no Porto, especialmente
ligados aos “sectores de informação e divulgação” daquelas organizações, alguns
dos quais estão á muito referenciados como seus orientadores activos.
As averiguações
conduziram a apurar que era nas oficinas do semanário «Notícias da Amadora» que
se imprimia muito do material subversivo, tendo nelas sido apreendidos largos
milhares de exemplares de panfletos revolucionário.»
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