Hoje é o Dia Mundial do Livro.
Neste cais, nunca
ligámos aos dias de… seja lá qual for.
Andando à volta da não data, pesca-se aqui e ali alguma
coisa, e serve-se a quem nos está a ler.
Uma mão chega – e sobra - para eu contar as livrarias
independentes que ainda existem em Lisboa.
Sei que a maior parte dos livros que se publicam em
Portugal não justificam perder qualquer ponta de tempo, a espreitá-los.
Sei o que é o McDonald’s, sei qual é a comida que tenho
gosto em comer.
Leio cada vez mais devagar e releio mais do que leio. Alguns
livros de escritores novos, ou que desconheço, não escreveram livros para mim,
ou sou eu que não estou preparado para os receber.
Caramba! parece que foi o Jorge Luís Borges que disse isto.
Marina Tsvetaeva, poetisa russa, uma vida muito difícil,
suicidou-se no dia 31 de Agosto de 1941, tinha 48 anos:
«Presos nas livrarias, cinzentos pelo pó e o tempo,
não vistos, não procurados, não abertos e não vendidos,
Os meus poemas serão apreciados como o mais raro dos vinhos-
Quando forem velhos»
não vistos, não procurados, não abertos e não vendidos,
Os meus poemas serão apreciados como o mais raro dos vinhos-
Quando forem velhos»
A páginas 148 de A
Sombra do Vento de Carlos Ruiz Zafón alguém observa «por que se queimam os livros? Por estupidez, por ignorância, por ódio…
vá-se lá saber.»
Num livro sobre o julgamento de Nuremberga, alude-se à
fogueira que os alemães fizeram da biblioteca de Tolstoi para se aquecerem.
Sobre o porquê, um oficial alemão respondeu que «gostava se aquecer no calor da literatura russa.»
Manuel Hermínio Monteiro dizia que gostava de pensar que editava
livros como quem trata de uma vinha.
Manuel António Pina disse um dia:
«As 300 pessoas que
em Portugal compram livros de poesia são as 300 pessoas que escrevem poesia
também – já pensei juntá-las numa almoçarada.
Um poeta é um autor
minoritário, quando não confidencial. Há quem diga que escrevem “como se não
fossem lidos por ninguém.”
Vive para escrever,
mesmo que não viva do que escreve.»
As bibliotecas que temos em casa, dizia o meu pai, para
serem dignas de serem uma biblioteca, têm que ter pelo menos uma boa parte de
livros ainda não lidos.
Lembro-me que, ao longo da vida, foi comprando uma série
de livros, história e filosofia principalmente, para que quando chegasse o
tempo da reforma os lesse calmamente.
Quando esse tempo chegou, desatou a ver vídeos de velhos filmes e a ler
romances policiais da Colecção Vampiro.
Gosto de casas que cheiram a romances policiais… dizia o
meu pai.
Tinha lido o livro de enfiada. Passou a ter saudades do
tempo em que o estava a ler. Pode pegar no livro, voltar a lê-lo, mas não é a mesma
coisa. Disse o filósofo: Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio...
pois na segunda vez o rio já não é o mesmo…nem tão pouco o homem!
Há um filme de que gosto muito, baseado num livro da
escritora norte-americana Helene Hanff.
O livro chama-se 84,
Charing Cross Road, o filme em português teve o título de A Rua do Adeus, dirigido por David Jones,
com Anne Brancroft , Anthony Hoptkins e Judi Dench.
Gira à volta da correspondência que a autora manteve com
um livreiro da Charing Cross Road, a quem encomendava livros raros, e, entre os
dois, foi crescendo gostos e gestos de amizade.
Hoje, já quase não existem livrarias na Charing Cross
Road. Tudo porque o custo dos arrendamentos, dada a especulação imobiliária, atingiu
valores inalcançáveis por uma livraria, mesmo que fosse uma boa livraria.
Os ingleses perderam as suas livrarias, talvez tenham deixado
de ler, caminho escancarado para que lhes acontecesse o Brexit.
Por aqui, soubemos que a Livraria da Editora Cotovia
fechou portas. Estava situada frente às traseiras do extinto jornal República e onde em tempos antigos
esteve a Livraria Opinião.
Hei-de escrever sobre a Livraria Opinião
A música que lhes deixo, é o tema musical do filme A Rua do Adeus da autoria de George
Fenton.
Repito: um filme muito bonito.
1.
Um dos seis migrantes ainda desaparecidos do hostel da Rua Morais Soares, em Lisboa, que teve de ser evacuado no domingo por ter sido detectado um caso de Covid-19, foi localizado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras em Inglaterra.
Como foi possível?
A Inglaterra não fica ali ao virar da esquina.
2.
A Polícia Judiciária localizou e apreendeu “um importante
acervo documental, que fará parte do espólio da extinta PIDE/DGS”.
São “documentos relevantes e de um conjunto superior a
setecentos negativos de clichés fotográficos, aparentemente de fichas
biográficas de indivíduos identificados por aquela antiga Polícia,
classificados pelo nome e respectiva alcunha”.
Do material consta ainda “negativos, integrando resenha
dactiloscópica”, e “um dossier/inquérito de recolha de informação dactilografado
e um livro manuscrito de registos de nomes”.
3.
Em cinco semanas, cerca de 26 milhões de pessoas pediram subsídios de desemprego no país.
4.
Os líderes da União Europeia continuam em reuniões e
reuniões, correndo o risco que o que acabarem por concluir aconteça tarde de
mais.
Mas parece que hoje houve luz ao fundo do túnel.
Tendo em vista a recuperação da economia europeia face à
grave crise, houve uma proposta de fundo de recuperação.
O nosso primeiro-ministro ainda não sabe se será uma
bazuca ou uma fisga.
Os detalhes serão conhecidos nos próximos dias.
5.
Os negros números:
Portugal regista 820 óbitos.
Os Estados Unidos continuam a ser o país do mundo a
registar o mais elevado número de mortos: 46.583.
Itália: 25.549 mortos
Espanha: 22.157 mortos
França: 21.856 mortos
Grã-Bretanha: 18.738 mortos
Em todo o mundo já morreram 188.437 pessoas
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