Em plena pandemia, tempo de tristeza, preocupação à flor
da pele, encontrar a primeira notícia que me fala de cerejas, e lembro-me de
José Manuel dos Santos, a deixar numa crónica, «são as cerejas que me dizem que a perfeição é visível neste mundo.».
A notícia, essa vem do Fundão e é uma notícia triste: cerca
de metade da habitual produção de Cereja do Fundão estará este ano perdida
devido às condições meteorológicas: o nevão caído no final do mês de Março,
seguido de geada forte e temperaturas muito baixas, bem como a chuva intensa e
a queda de granizo, em Abril semearam a desilusão.
De onde são as melhores cerejas?
Não sei, não entro nesses campeonatos.
Dêem-me cerejas, simplesmente
E Alijó, no tempo das cerejas, tem a medida de
Wall Street.» escreveu Agustina
bessa Luís.
«Penso na minha
infância. Quando eu era criança do que eu gostava mais era cerejas», deixou Ana
Hatherly numa das suas Tisanas.
«Quero fazer contigo o que a primavera faz com as
cerejeiras», é o final de um poema
do Pablo Neruda.
O Tempo de
Cerejas.
Le Temps des
Cerises é uma canção de amor com letra de Jean Baptist Clément e música de
Antoine Renard, escrita em 1866 e que anos mais tarde ficará associada às
esperanças do povo francês durante a Comuna de Paris.
Deixo-vos a
letra traduzida por Rui Almeida do Blogue Poesia Distribuída na Rua.
Esta canção faz
parte do reportório de um grande número de cançonetistas.
Escolhi a versão
de Juliette Greco.
Quando cantarmos no tempo das cerejas,
E o feliz rouxinol mais o melro gozão
Andarem em festa.
As formosas terão tolice na testa
E os namorados sol no coração...
Quando cantarmos no tempo das cerejas,
Assobiará melhor o melro gozão
Mas passa depressa, o tempo das cerejas,
Quando os namorados colhem, a sonhar,
Brincos de princesa!
Cerejas de amor de igual beleza,
Caem sobre as folhas, qual sangue a pingar.
Mas passa depressa, o tempo das cerejas,
Brincos de coral colhidos a sonhar!
Quando vos chegar o tempo das cerejas,
Se tiverdes medo das coitas d'amor,
Evitai formosas.
Mas eu que não temo penas dolorosas,
Não hei de perder um só dia de dor...
Quando vos chegar o tempo das cerejas,
Haveis de ter também vossas coitas d'amor.
Sempre adorarei o tempo das cerejas:
Guardo desse tempo no meu coração
Uma chaga aberta.
E mesmo a Fortuna, posta como oferta,
Jamais poderá tirar-me esta aflição...
Sempre adorarei o tempo das cerejas
E esta memória no meu coração.
E o feliz rouxinol mais o melro gozão
Andarem em festa.
As formosas terão tolice na testa
E os namorados sol no coração...
Quando cantarmos no tempo das cerejas,
Assobiará melhor o melro gozão
Mas passa depressa, o tempo das cerejas,
Quando os namorados colhem, a sonhar,
Brincos de princesa!
Cerejas de amor de igual beleza,
Caem sobre as folhas, qual sangue a pingar.
Mas passa depressa, o tempo das cerejas,
Brincos de coral colhidos a sonhar!
Quando vos chegar o tempo das cerejas,
Se tiverdes medo das coitas d'amor,
Evitai formosas.
Mas eu que não temo penas dolorosas,
Não hei de perder um só dia de dor...
Quando vos chegar o tempo das cerejas,
Haveis de ter também vossas coitas d'amor.
Sempre adorarei o tempo das cerejas:
Guardo desse tempo no meu coração
Uma chaga aberta.
E mesmo a Fortuna, posta como oferta,
Jamais poderá tirar-me esta aflição...
Sempre adorarei o tempo das cerejas
E esta memória no meu coração.
1.
Continua a rábula sobre as comemorações do 25
de Abril na Assembleia da República.
Muitos dos que bolsam disparates atrás de
disparates sobre a data história, uns ainda não eram um sorriso na cara dos
pais, outros andavam de cueiros.
2.
Na imensidão
alentejana, registou-se a primeira morte de uma pessoa infectada com o coronavírus,
trata-se de um homem com 87 anos e estava internado no hospital de Beja desde
o dia 14 de Abril.
3.
O presidente dos
Estados Unidos e o primeiro-ministro britânico concordaram na necessidade de
uma resposta internacional coordenada para a pandemia.
4.
Em Espanha, mais de mil profissionais de saúde estão isolados, e milhares vão ter de fazer testes de triagem depois de terem estado expostos ao novo coronavírus e terem utilizado máscaras de protecção individual de um lote defeituoso.
5.
O estado da
Baviera anunciou que o festival alemão de cerveja foi cancelado devido ao novo
coronavírus.
O Oktoberfest
costuma reunir cerca de seis milhões de pessoas todos os anos. O festival
estava marcado entre 19 de Setembro a 4 de Outubro.
6.
Os bispos
começaram a trabalhar no regresso das missas após o fim do estado de emergência.
Os clubes de
futebol estão a fazer o mesmo.
Um título de 1ª
página do Público revelava que o governo dá luz verde a clubes de
futebol para recorrerem ao lay-off.
7.
Os negros números.
Portugal regista 762 óbitos.
Os Estados
Unidos registam 43.200 mortos
Itália: 24.648
mortos
Espanha: 21.282
mortos
França: 20.796
mortos
Grã-Bretanha:
17.337 mortos
2 comentários:
Mas qual é a habitual produção da cereja? que eu me lembre todos os anos há uma choradeira para ser inabitual e para vir mendigar subsídio, ou é porque chove muito, ou é porque chove pouco.
Clubes de futebol a recorrerem ao lay-off? Haja decoro.
Caro Seve,
Lembrar o velho provérbio: «Quem não chora não mama!».
O resto está no Marx, que não li tão atempadamente, tão atentamente, como devia ter lido.
Os nossos agricultores, os nossos empresários, os nossos banqueiros, os nossos industriais, os nossos tudo e mais alguma coisa, não valem um chavo.
Apenas pensam na barriga deles… a dos outros… mas quais outros?!...
Há alguns bons anos, em conversa com um amigo que tinha algumas cerejeiras, na Cova da Beira, dizia-me que a produção daquelas cerejas lhe custava 3 euros o quilo, ofereciam-lhe algo que nem chegava a 1 euro euro e depois deparava com as cerejas, nas grandes superfícies,a 6 e 7 euros.
Quanto ao futebol - e se gosto de futebol! – seria todo para reformular, mas vou esperar sentado. Não fazia mal algum voltarmos ao tempo das balizas às costas em vez da pornografia vigente.
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