segunda-feira, 27 de abril de 2020

DIÁRIO DOS DIAS DIFÍCEIS

O Director-Geral da Organização Mundial da Saúde disse, hoje, que o mundo devia ter ouvido, em 30 de Janeiro, o alerta máximo da Organização.

Nesse dia a Organização lançou o alerta sobre os riscos do coronavírus, e havia apenas 82 casos, e nenhuma morte, fora da China.

Foi então dito pela Organização o que os governos deveriam fazer para controlar o coronavírus, como decretar quarentenas, pedir que a população ficasse em casa se possível e respeitar o distanciamento social.

Porém, nem todos os países acataram as recomendações.

Hoje, no Mundo, há mais de 3 milhões de pessoas infectadas e já foi ultrapassado o número de mais de 200 mil mortes.

Quando no final do ano passado, começou a ler notícias do que estava a acontecer numa localidade da China, comentou de si para si, que isso era lá longe, muito longe mesmo, e que os chineses rapidamente resolveriam o problema.

Quando na página 21 do Público de 23 de Fevereiro, um domingo, leu a notícia, a 2 colunas, que se registaram duas mortes e seis dezenas de infectados por coronavírus, em Itália, ficou assim a olhar, meio aparvalhado, e guardou o recorte.

Porque a Itália não é tão longe como a China.

Não saberia, contudo, imaginar o inferno que se iria abater sobre a Europa, sobre o Mundo.

Não por acaso, foi reler páginas de Graciliano Ramos, livros vindos da biblioteca do pai, principalmente aquela frase de Vidas Secas em que Fabiano diz a Tomás da Bolandeira: “Seu Tomás, vossemecê não regula. Para quê tanto papel? Quando a desgraça chegar, seu Tomás se estrepa, igualzinho aos outros”.

Claro que sim, mas se a gente não ler, a estrepa é bem pior.

Mas como lembrava hoje, Maria do Rosário Pedreira, citando C.S. Lewis: «lemos para saber que não estamos sozinhos».

Hoje, visitamos Joann Sebastian Bach, o Prelude 1C Major  BWV 846.

1.

Alexandre Lourenço, presidente da Associação Portuguesa de Administradores de Hospitais, diz, hoje no Diário de Notícias:

«Os que aplaudem o Serviço Nacional de Saúde são os que vão querer cortar salários depois.»

A memória é curta.

No dia 28 de Junho de 1979 foi aprovada na Assembleia da República a Lei Arnaut.

Votaram a favor: PS, PCP, UDP.

Votaram contra; PSD e CDS.

A direita sempre lutou pela medicina privada e, ao longo dos anos, os sucessivos governos, foram cortando nas verbas para o Serviço Nacional de Saúde.

Hoje batem palmas à capacidade de resposta que, apesar de todas as tropelias e boicotes, o Serviço Nacional de Saúde deu no combate ao Covid-19.

2.

Tudo indica que o estado de emergência, em vigor até à meia-noite do próximo 2 de Maio, seja substituído por estado de calamidade, um patamar inferior de medidas excepcionais.

3.

Quase 60% da população activa está a sofrer redução de rendimentos devido à perda de emprego ou à diminuição do trabalho como consequência da pandemia Covid-19, segundo os resultados de um inquérito publicado pela Deco Proteste.
Segundo o inquérito da Deco - associação de defesa do consumidor, a vaga de desemprego causada pela crise relacionada com a pandemia tem atingido três vezes mais mulheres do que homens, com 13% e 4% respetivamente.
Uma em cada 10 famílias viu, pelo menos, um dos elementos perder o trabalho e até ao momento, 4% dos agregados têm os dois membros do casal sem actividade profissional.
 A vaga de desemprego tem atingido três vezes mais mulheres do que homens.

4.

A ONU pediu aos países que respeitem o Estado de direito, limitando o período de vigência das medidas excepcionais para o combate da pandemia de Covid-19, para evitar um catástrofe em relação aos direitos humanos.

«Dada a natureza excecional da crise, é claro que os Estados precisam de poderes adicionais para lhe responder. No entanto, se o Estado de direito não for respeitado, a emergência de saúde poderá tornar-se uma catástrofe de direitos humanos, cujos efeitos nocivos superam a pandemia em si».


5.

Cerca de 9,2 milhões de pessoas nos Estados Unidos da América perderam o seguro de saúde por terem ficado desempregadas.

6.

Quando ficamos a saber que o presidente de um país, como os Estados Unidos, é influenciado por um vendedor-de-banha da-cobra que, para combater o Covid-19, mandou as pessoas beber lixivia, sabemos em que mundo estamos.
Agora diz que vai deixar as conferências de imprensa pois é um mero tempo perdido e porque os jornalistas só fazem perguntas estúpidas e tendenciosas.
O mundo agradece. porque Donald Trump não é um palhaço de que se possa gostar.

7.

Os negros números:

Portugal regista 928 óbitos.

Os Estados Unidos já contam com 54.841 mortos. o mais elevado número de mortos: 53.511 pessoas.

Itália: 26.977 mortos
Espanha: 23.521 mortos
França: 23.293 mortos
Grã-Bretanha: 21.092 mortos

Em todo o mundo já morreram 210.374 pessoas.

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