terça-feira, 28 de abril de 2020

DIÁRIO DOS DIAS DIFÍCEIS


O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse, hoje, que não vai propor nova renovação do estado de emergência.

O governo irá agora decidir os instrumentos e as medidas que serão aplicadas depois de 2 de Maio.

E aqui começa um novo mar de incertezas, novos estados de angústia, de ansiedade.

Já estamos tão fartos do que nos está a acontecer.

Mas estaremos preparados para enfrentar este outro desafio?
O surto continua por aí.

E nós?

Serve esconder as nossas fragilidades?

Que mais desculpas nos damos?

Quem ensinou Mona Lisa a rir daquele modo?

Que música para hoje?

Vivaldi.

Que muitos dizem ser um clássico demasiado repetitivo, quase chato.

Eu gosto.

Saudades de ouvir, com o meu pai, a Cecília Bartoli, a cantar Vivaldi, ou o tempo em que punha a rodar «Alla Rustica», e ele começava a mexer os braços qual maestro, e falávamos do homem da bandeira que, juntamente com o meu avô e outros republicanos históricos, nunca faltavam para que um dia o botas-de santa-comba caísse, fosse lá como fosse, mas caísse.



1.

Em Harbin, uma cidade na China, vivem 10 milhões de pessoas e teme-se que está ali a desenvolver-se um novo surto de epidemia.

E agora já sabemos de que Harbin, estando tão longe, isso não é impeditivo de o vírus galgar fronteiras.

As informações sobre este surto, como velho péssimo hábito chinês, são quase inexistentes.

2.

«Moro há 45 anos mesmo ao lado do Estádio do Glorioso, E, nunca, mas nunca, tinha ouvido tantos pássaros em frente à minha janela! Um novo e estranho mundo».

Joana Lopes

3.

Billy Wilder. num delicioso filme do pós-guerra «A sua Melhor Missão, em que uma maravilhosa Marlene Dietrich anda por lá a dizer:

«Troco pastilhas elásticas por beijos.»

4.

Grupo que lidera a British Airways quer despedir 12 mil trabalhadores.
No primeiro trimestre, os prejuízos da companhia aérea britânica foram superiores a 500 milhões de euros e as receitas caíram 13 por cento.

5.

A Segurança Social aprovou 61,7% dos 62.341 pedidos de adesão ao `lay-off` simplificado que foram requeridos pelas empresas até ao início de Abril.

Os 15,1% dos pedidos (9.458) foram indeferidos por vários motivos, entre eles porque as empresas não tinham a sua situação contributiva regularizada ou não tinham certificação do contabilista ou por não cumprirem as regras da data de início do apoio.

6.

As Nações Unidas alertaram que o isolamento obrigatório de milhões de pessoas em casa vai originar um aumento em 20 por cento da violência doméstica.

7.

As creches são dos primeiros estabelecimentos a ter ordem de abertura, mas deixam um aviso aos pais: só vão aceitar as crianças de volta, caso os pagamentos estejam em dia.

8.

A SAS, a transportadora aérea mais importante de Escandinávia, anunciou que vai colocar cinco mil trabalhadores em lay-off.

A Bosch de Braga vai entrar em lay-off total.

Atualmente, os 3800 funcionários estavam num regime parcial de redução temporária dos períodos de trabalho. No entanto, perante uma descida na procura, a unidade de produção de componentes automóveis vai suspender a atividade.

9.

Os negros números:

Os Estados Unidos passaram a ser o primeiro país do mundo a ultrapassar um milhão de casos confirmados da covid-19, enquanto o número de mortos se cifra em 57.266.

Portugal regista 928 óbitos.

Itália: 27.359 mortos
Espanha: 23.822 mortos
França: 23.660 mortos
Grã-Bretanha: 21.768 mortos

Em todo o mundo já morreram 216.808 pessoas. 

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