terça-feira, 21 de abril de 2020

ALGUÉM LHES DIRÁ O QUE SOFREMOS...


Continuo com os murais que, após o 25 de Abril, foram aparecendo nas ruas de Lisboa.

Sacuntala de Miranda, militante anti-salazarista, exilada política em Londres, no seu livro «Memórias de um Peão nos Combates da Liberdade», lembra, o como era possível que tanta gente viesse para a rua, naquele 1º de Maio, vitoriar o fim da ditadura, quando éramos tão poucos os que tínhamos lutado para que o 25 de Abril viesse a acontecer.

Foi possível mesmo.

Passados os primeiros dias – não importa quantos… - muita dessa gente, que calcorreou ruas, regressou à sombra dos dias, marcando o aparecimento do camaleonismo.

Sim, porque, dizem os livros, o camaleão, está na sua própria natureza, não muda de cor uma só vez.

Que é feito do sol que aquela madrugada anunciava?

Como canção que então ouvíamos, escolhi «Canto Moço» de José Afonso, faixa 3 do lado A de «Traz Outro Amigo Também», editado em 1970, terceiro álbum de José Afonso.

 Filhos da madrugada, navegando de vaga em vaga, sem saber de dor nem mágoa, pelas praias do mar nos vamos, à procura da manhã clara.



Legenda: o título é tirado de um poema de Egito Gonçalves.

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