sábado, 18 de abril de 2020

NOTÍCIAS DO CIRCO


O Vaticano é um reino estranho.

Sempre foi.

Li que, recentemente, abriram os arquivos do reinado de Pio XII, mas parece que não colocaram tudo.

Pairam, por exemplo, as mais sérias bênçãos com que rodeou os actos nazi/fascistas…

Por vezes, um qualquer papa, quer abrir janelas para os novos e frescos ares entrarem pelos salões e sacristias.

Um desses papas, João Paulo I, no dia 28 de Setembro de 1978, morreu durante o sono.

Chamavam-lhe o Papa do Sorriso.

O Papa João Paulo I, tinha ideias claras para o seu pontificado que apenas durou 33 dias.

A sua morte ocasionou especulações várias.

O agora Papa, Francisco de seu nome, entrou portas dentro do Vaticano com uma enorme vontade de refrescar pensamentos e procedimentos.

Para o efeito tem-se rodeado de gente que o ajude no abono das suas vontades. Uma dessa gente é o filósofo e poeta português José Tolentino de Mendonça.

Algumas das suas vontades tem conseguido que avancem,  mas para outras, têm-lhe feito a vida negra.

Há uma semana ou duas, durante uma visita de seminaristas do Colégio Escocês de Roma ao Papa, foi-lhe oferecida uma garrafa de whisky.

Com a sua humildade e sentido de humor, disse aos seminaristas que aquela era a verdadeira água benta.

Um  beato-censor, que, provavelmente, fecha os olhos à pedofilia eclesiástica, cortou a frase do vídeo onde está registada a visita dos seminaristas.

O diário britânico Daily Record comentou:

 «É uma pena, porque não creio que a cena fosse negativa para o Papa. Pelo contrário, mostra seu lado humano e bem-humorado, e acho que essa censura é uma forma exagerada de proteger sua imagem».

A Igreja e o seu lado triste e negativo.



Por aqui, durante a ditadura salazarista/marcelista, sabemos do ruidoso silêncio com que a igreja rodeou as perseguições e assassínios da PIDE/DGS, o ámen sobre a guerra colonial.

Alguém se recorda de um tal Cerejeira, Patriarca de Lisboa durante 42 anos, que assistiu, durante as guerras coloniais, às mães que iam pagar promessas em Fátima enquanto os filhos iam morrendo numa guerra trágica?

Alguém se recorda de um tal D. António Ribeiro, sucessor do Cardeal Cerejeira, que no centenário da cerejal figura, ter dito, sem se rir, que ele fôra um acérrimo defensor da «independência da Igreja perante o Estado, da liberdade das consciências e dos direitos essenciais da pessoa humana, numa época de tão poderosos totalitarismos»?

Alguém se recorda o mesmo Manuel Gonçalves Cerejeira ter dito, no dia 2 de Outubro de 1966, perante a I Assembleia do Clero do Patriarcado de Lisboa:

«Não tenho nada a não ser vós, o clero do Patriarcado. Sou pobre, vivo do que o Patriarcado me dá e quando me retirar, ficarei ainda o pobrezinho, que viverá ocultando-se o mais que puder, que viverá da caridade do Patriarcado de Lisboa»?

Passados anos, o mais fiel servidor de Salazar, desmentiu ter acções na Sacor e na Mabor, admitindo que as tenha o Patriarcado.

Esta iminência parda, a que chamaram príncipe da Igreja, morreu no dia 1 de Agosto de 1977, sem que o 25 de Abril de 1974, o tivesse incomodado no seu retiro patriarcal na Buraca.

A quem ele prestou as tenebrosas contas?

É este tipo de gente que se escandaliza, em qualquer época, que um Papa Francisco chame ao whisky a verdadeira água benta.

Legenda:  De Oliveira Salazar a Marcelo Caetano, Cerejeira foi sempre um fiel defensor da ditadura.

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