Hoje é domingo.
Merdoso domingo,
chove e faz frio.
A cidade envolta numa sinfonia de silêncio.
Leio que Marianne
Faithfull foi internada num hospital londrino depois de o seu teste ao Covid-19
ter dado positivo. Acresce que Marianne Faithfull, com 73 anos, sofre de
hepatite C e isso não augura nada de bom.
O António Variações
dizia que quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga.
Keith Richards, na
sua autobiografia Life, lamentava-se que as moças iam todas
chorar no seu ombro.
Quando soube que Mick
Jagger andava a comer fora, Marianne procurou o ombro de Keith.
Que há-de um homem fazer?
Por uma noite, «quem
foi ao mar perdeu o lugar», Keith perdeu-se a contar outras músicas a Marianne.
Eis senão quando os dois ouvem o carro de Mick Jagger chegar.
Relato de Keith:
Eis senão quando os dois ouvem o carro de Mick Jagger chegar.
Relato de Keith:
«Grande alvoroço, pego nos sapatos e salto janela fora para o jardim.
Tinha-me esquecido das meias! Mas o Mick também não era gajo para se pôr à
procura de meias. E assim ficámos com uma piada para sempre – ainda hoje, a
Marianne me diz: «Ainda não consegui encontrar as tuas meias!»
Finalize-se voltando
a Keith Richards, às suas memórias de Marianne Faithfull:
«Só depois disso chegaram os dois a Tânger, acompanhados da Marianne, que ia ter com o Mick a Marraquexe. O Brian estava tão combalido que a Anita e a Marianne, qual competentes enfermeiras, tiveram a brilhante ideia de lhe dar ácido no avião, para ver se ele arrebitava. Elas próprias acabavam de passar uma noite em branco e a ácido. Quando finalmente chegaram a Tânger, um incidente junto à loja do Ahmed instalou o pânico. O sari da Marianne (única peça de roupa que trazia vestida) ficou preso algures e desenrolou-se, deixando-a subitamente nua no casbá.»
1.
A Fnac Portugal, um
dos maiores retalhistas na área da cultura, entretenimento e tecnologia,
solicitou um processo de lay-off por um mês, renovável por
igual período, com efeitos retroactivos a partir do passado dia 1 de Abril, que
abrange cerca de 1650 (91%) dos 1800 trabalhadores ao seu serviço.
É um fartar
vilanagem.
Só os cegos e os
incondicionais daquela trampa de loja se podem espantar.
A Fnac, em algum dia,
foi uma livraria, uma loja de venda de discos?
Não terá sido antes
um olhar ingénuo e distraído sobre a novidade que nos levou a pensar que…?
Enquanto foi novidade, a Fnac agradou pela diversidade, alguma competência. Depois começou lentamente a derrapar até chegar à javardice que hoje é.
Quando apareceu em Portugal, conseguiu arrasar literalmente com toda a concorrência nacional.
Enquanto foi novidade, a Fnac agradou pela diversidade, alguma competência. Depois começou lentamente a derrapar até chegar à javardice que hoje é.
Quando apareceu em Portugal, conseguiu arrasar literalmente com toda a concorrência nacional.
Qual árvore de
borracha, secou tudo em volta.
Lembram-se das grandes, médias e pequenas livrarias, das pequenas discotecas de Lisboa, das lojas Valentim de Carvalho, Loja da Música, Discoteca Roma e outras? Até a Virgin!
Deram cabo de tudo e hoje a Fnac mais não é que uma loja de venda de equipamentos informáticos, relógios, outras tretas e onde reina a ignorância, a incompetência, a má educação.
Sindicatos contestam
e afirmam que a Fnac não está em crise.
2.
Em
Portugal já recorreram ao lay-off cerca de 32 mil empresas.
«A situação de emergência em que vivemos apela à
partilha de sacrifícios e à solidariedade. No entanto, nas últimas semanas,
têm-se multiplicado atropelos gritantes à lei laboral. As denúncias feitas
incluem o recurso à chantagem sobre os assalariados, levando-os a renunciarem
“livremente” ao exercício de direitos fundamentais.»
- de uma carta ao governo assinada por diversas
personalidades.
3.
Com quase todo o comércio
fechado, a possibilidades da máquina de lavar, a torradeira, a televisão, o
micro-ondas avariarem, uma pequena tremideira
instala-se e acabamos por lembrar aquela frase do Woody Allen:
«Não só Deus não existe como é difícil encontrar um canalizador a um
domingo.»
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