Não sei Fátima
explicar
sequer aquilo que
sinto
este nada atordoado
esta queda
este vazio
Esta saudade
assustada
Uma rosa magoada
A falta do nosso
riso
Maria Teresa Horta, na morte de Maria Velho da Costa, Público 25 de Maio
2 comentários:
É...
Um vazio que não se consegue preencher, Sammy, nunca.
Sim há vazios que não se preenchem.
No caso dos artistas temos as suas obras, é certo, mas fica sempre uma sensação estranha de pássaros no ar, que ouvimos mas nunca os conseguimos ver.
Não vou a lançamentos de livros, abro excepção para os livros dos amigos, não procuro autógrafos. Se tiver três, quatro, cinco autógrafos, nos milhares de livros que vivem nesta casa, já são muitos, e continuo a fazer excepção aos livros dos amigos.
Durante quatro anos, a Aida teve uma taberna em Almoçageme. Era para ser uma brincadeira para receber os amigos, mas tornou-se uma coisa séria. De repente, vimos a taberna a albergar os mais variados artistas, também ministros e outros políticos.
Maria Velho da Costa foi uma dessas visitas, após ter chegado de Cabo Verde, onde foi adida cultural. Conversámos algumas vezes e fiquei encantado. Uma delicadeza, um saber dizer que rapidamente se transformava em encantamento.
Ainda lhe falei dos exercícios que fizera para saber quem escreveu o quê nas Novas Cartas Portuguesas, mas deixou-me um sorriso, garantiu a dificuldade que rodeia a tarefa, por vezes, se não houvesse apontamentos, nem elas sabiam, pediu mais um «Cutty Sark» e deixou a noite correr para outros caminhos.
Das três Marias só resta a Maria Teresa Horta que, já garantiu, vai levar o segredo com ela.
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