domingo, 10 de maio de 2020

OLHAR AS CAPAS


Cem Sonetos de Amor
Pablo Neruda
Tradução Albano Martins
Capa: Joana Quental
Campo das Letras, Porto, Maio de 2004

Soneto LXXXIX

Quando eu morrer quero as tuas mãos em meus olhos;
quero a luz e o trigo de tuas mãos amadas
passar uma vez mais sobre mim a sua frescura:
sentir a suavidade que mudou o meu destino.

Quero que vivas enquanto eu, adormecido, te espero,
quero que teus ouvidos continuem a ouvir o vento,
que sintas o perfume do mar que ambos amamos
e continues a pisar a areia que pisamos.

Quero que tudo o que amo continue vivo
e a ti ame-tei e cantei-te sobre todas as coisas
por isso, ó florida, continua a florir,

para que alcances tudo o que meu amor te ordena,
para que a minha sombra passeies pelos teus cabelos
para que assim conheçam a razão do meu canto.

2 comentários:

Seve disse...

Do Pablo Neruda tenho um livro que tem dos mais belos títulos que conheço: "Confesso que vivi".

Sammy, o paquete disse...

Um outro volume, «Nasci para Nascer, já apresentado, em «Olhar as Capas, completa o retrato humano e social de Pablo Neruda. Termina em 1971, com o discurso que Neruda proferiu em Estocolmo aquando da entrega do Prémio Nobel.
O volume contém também poemas de Neruda, brilhantemente traduzidos por Mário Dionísio.